Flores, de Afonso Cruz

flores
O que farias para salvar o teu livro preferido? A que sabem os vossos beijos? Consegues imaginar um futuro de silêncio? Nós temos um cravo como símbolo da liberdade e da revolução, mas poderá uma simples flor criar uma tal onda que provoque uma revolução?
Esta é a história de um homem que perdeu o passado e o futuro. E é também a história de outro homem que perdeu o presente, que se perdeu no seu presente, e que acaba a tentar encontrar o passado do primeiro homem ajudando-se mais a si que ao outro. Ou é talvez a história de uma menina que por amor incondicional a um amigo improvável acaba por aprender a perdoar. Ou a história de uma mulher que com uma flor mudou, sem saber e durante algum tempo, o rumo de gentes. Ou a nossa história no mundo, um grito de alerta, uma chamada de atenção para que vejamos a paisagem, para que não percamos a cena completa por estarmos muito próximos das coisas*.
Com uma critica social e política tenebrosamente certeira, com histórias dentro de histórias (ou talvez ao redor das histórias, nem sei) Afonso Cruz conseguiu fazer-me rir e (quase) chorar.
É o terceiro livro de Afonso Cruz que leio e sei como toda a gente adora o “Guarda-Chuvas” mas este Flores é o meu livro de AC. Apanhou-me de surpresa, enganou-me, enredou-me e encantou-me. Sou um bocadinho egoísta em relação aos livros: digo muitas vezes que me importa mais o que eu sinto e percebo de um livro do que aquilo que o escritor realmente quis transmitir. E aqui, com este Flores, isso não podia ser mais verdade. Até posso não ter percebido o que o escritor quis transmitir mas o que recebi foi tanto que isso chega. Por isso não tenho dúvidas que este vai ser o meu livro do ano. E que o vou reler muitas vezes (apetece-me começar a lê-lo outra vez). E depois do final dos Guarda-Chuvas, fiz finalmente as pazes com o Afonso Cruz.
* Frase roubada e adaptada duma certa página deste livro…

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